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Câmara debate soluções para poluição e qualidade do ar

Vereadores ouviram diversas autoridades em evento híbrido
Câmara debate soluções para poluição e qualidade do ar

Há dias a qualidade do ar em Ribeirão Preto é considerada “muito ruim” pela CETESB, sendo a pior do estado de São Paulo, fato que causa preocupação a especialistas e populares. Por isso o vereador Marcos Papa (Cidadania), presidente da Comissão Permanente do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mobilidade Urbana; realizou reunião para debater sobre o tema, na tarde desta quarta-feira (15).

“Há dias olhamos para o céu e estamos chocados com o que estamos vendo, poluição visível e invisível, porém cancerígena”, disse o vereador.

Também participou o vereador Matheus Moreno (MDB), e para debater sobre o impacto da qualidade do ar na saúde das pessoas e da coletividade, foram convidadas autoridades ligadas à área de meio ambiente, entre elas, João Paulo Leonardo de Oliveira, adjunto da Secretaria Municipal do Meio Ambiente; Marco Aurélio Ramos Filho, chefe da Divisão de Fomento à Agricultura e Energia Renovável; Sérgio Innocente, chefe da Divisão Médica da Secretaria Municipal de Saúde; o engenheiro da CETESB, André Pioltini; Caroline Scaramboni, pesquisadora do Laboratório de Química Ambiental da USP e a Drª Mariana Veras, pesquisadora científica do estado de São Paulo e chefe responsável pelo Laboratório de Patologia Ambiental e Experimental do HC–SP.  

Mariana Veras realizou apresentação com tópicos sobre a qualidade do ar, incêndios florestais, preço do gás e queima de biomassa como alternativa mais barata de uso. Especialista em poluição do ar e saúde humana, a pesquisadora alertou: “Há evidências suficientes mostrando a associação do ar ao câncer de pulmão e possivelmente ao câncer de bexiga. Em números estudos mostram que crianças, idosos e gestantes são mais suscetíveis a sofrer esses efeitos”.

Segundo os apontamentos, diversos efeitos da poluição do ar são sentidos a curto e longo prazo, tais como: irritação nos olhos, nariz e garganta; diminuição da função pulmonar, incluindo tosse e respiração ofegante; inflamação pulmonar, bronquite e exacerbações de asmas; insuficiência cardíaca; doenças neurodegenerativas; efeitos sobre o desenvolvimento da gestação, fetos e neonatal.

No Brasil, grande parte dos estudos de impacto da poluição do ar na saúde foi realizada no estado de São Paulo ou grandes centros urbanos do país. A escassez de dados de monitoramento dificulta esse tipo de avaliação em grande parte do território nacional, e a maioria dos estudos de impactos de queimadas sobre a saúde da população foi realizada na região Norte (Amazônia).

Diante disso, Papa lembrou da importância da preservação dos biomas. “Nós estamos assistindo com muita passividade a destruição da Amazônia e a situação do Pantanal, que secou 70%. Nossa região sofre muito com isso porque nosso regime de chuvas é regulado pela floresta amazônica e pelo Pantanal”.

Em 2016, a poluição do ar foi responsável por aproximadamente 58% de mortes prematuras por doenças cerebrovasculares (DCBV) e doenças isquêmicas do coração (DIC); 18 % por doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e infecção respiratória aguda baixa; e 6% por câncer de pulmão, traqueia e brônquios.   

Apesar dos números alarmantes, Mariana Veras ressaltou que “esse fator de risco é modificável, pois se nós tivermos políticas públicas eficientes e bem planejadas nós conseguiremos acabar com o problema ou reduzir enormemente à exposição”.

A íntegra da reunião está disponível no canal do youtube da TV Câmara Ribeirão.

Texto: Marco Aurélio Tarlá (MTB 64.025/SP)

Fotos: Allan S. Ribeiro (MTB 0081231/SP)